Presa no peso de uma mão, na tortura de um abraço e nas correntes das palavras, ela decidiu ser tudo aquilo que diz odiar. Não aceita amor, não retorna afeto, e mesmo o que retorna vêm carregado de falsidade, mágoa e rancores gerados sem o mínimo esforço. Seu prazer é dissimular, destruir e embreagar todos que a rodeiam com suas desculpas, medos e insatisfações, seu combustível são vísceras contorcidas em um turbilhão de emoções presos a garganta, sufocando em agonia cada sílaba. Grandes pensadores escreveram, sábios olhos observaram e nos deixaram o dicionário de todas as mentes, inclusive daquelas que mentem, sim, o maior desejo do agredido é se tornar o agressor, ainda que não o assuma, ainda que com sua boca diga constantemente que não, mas suas ações provam ao contrário e a única cura é a morte. Triste é sua vida, tristeza é seu viver, tem ferramentas para muitos, mas pouco se aproveita para si próprio. No final irão restar apenas fábulas, cacos ao chão, afiados e meio escondidos em meio soluços para continuar ferindo mesmo após sua existência que mostrou tanta carência fantasiada de menininha frágil e sem tempero algum.
