Jardim imundo

Caminho meu pensamento pelas veredas de um raciocínio imundo, florido de pequenas sementes maliciosas, determinadas ao crescimento imediato, involuntário de quem as semeia entre porções de terra, entre pedras e areia, entre águas passadas, madrugadas, frias, inconstantes, cinzentas, e em cada lugar, em cada olhar, palavra, gesto, existe uma semente pronta a ser lançada com a maior das malícias  em um sentimento de razão e oportunismo, que faz com que o abismo seja aberto e admirado por todo aquele que realmente vê o que é, e não como a maioria, o que desejava que fosse, fantasiando uma vez mais a realidade, e passando para sua descendência essa hipocrisia, essa imaturidade tão cruel, que imerge dia após dia na sociedade e corrompe vidas alheias e influência milhares de seres menos dotados racionalmente, palavras machucam dizem por aí, sentimentos de dor que só possuem pela simples razão da herança que lhes foi atribuída dessa farsa de camuflar a verdade dolorida, por flores belas, frutos cintilantes, cheio de ódio, raiva, fúria, cheio de vermes imundos por dentro, introduzidos com cautela para o efeito ser indolor, e as suspeitas se dissolverem do real causador, tragando assim toda e qualquer oportunidade de mudança de sua descendência, que irá cometer os mesmos erros, terá as mesmas atitudes, chegando ao mesmo fim, talvez, por caminhos diferentes, porém o tóxico que sobe a cabeça, levando aos olhos observando o mundo como um jardim encantado, estará ali, até que ao cair em sono profundo, entenderá que o mundo nunca passou disso, escuridão e silêncio ecoando gradativamente de forma incontornável.
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