contador de acessos

domingo, 11 de agosto de 2013

Sem Dizer Adeus

Era uma vez uma pequena menina e seu avô, eles faziam tudo juntos, ela era ´o neto´ que ele sempre sonhou, pois ele em seus secretos pensamentos, antes do nascimento de sua neta, percorria os olhos sobre todos os avós que caminhavam pelos parques, que passeavam e sorriam com seus netos, pois naquele momento em que interagiam, parecia que tudo de ruim poderia acontecer repentinamente, mas nada, absolutamente nada lhes tiraria o prazer da gargalhada que davam, nem o sentimento reluzente e sem mancha que tinham um pelo outro quando de forma carinhosa se abraçavam; Assim, ele via sua neta hoje, pois ela gostava de fazer as mesmas coisas que ele, construir, consertar, modificar, era sangue do seu sangue sem sombra de dúvidas, algo especial e delicado havia em ambas as veias, algo que ninguém poderia compreender, a não ser os mesmos, era uma espécie de segredo oculto que era revelado um para o outro em apenas uma simples e curta troca de olhares. Para ela, ele é, e sempre será, o homem da sua vida, aquele que a apoiava, lhe secava as lágrimas, que a ajudou a crescer, e a amou incondicionalmente, ganhando assim o mais puro e perfeito afecto que alguém poderia ter por outro alguém, como se fosse o tom mais afinado dos pássaros pelo nascer do Sol, como se fosse o perfume mais delicado de um belo jardim, como a brisa no verão e a lareira no inverno, assim era o companheirismo e as palavras de seu avô que cintilavam como doces e encantadas notas melodiosas em seu ouvido absoluto. Um certo dia a menina que muitos julgavam por inocente, ao passar, de forma desapercebida, se deparou com um pequeno sussurro, quase imperceptível para alguém que não possuía o mesmo dom de captar informações e de forma imediata compreende-las com a maior das astúcias, pois a palavra chave fora dita, seu avô, a razão da sua maior e melhor alegria, o calculo exacto da sua equação, o motivo pelo qual respirava, então de forma a que se pudera obter uma maior clareza do que se tratava, ouviu atentamente o que se dizia, e assim descobriu que seu avô estava muito doente, e gravemente ferido por dentro, que seu estado não era normal, e que o pior poderia se esperar a qualquer momento, pois ele sofria de cancro, então, entre pequenos soluços, lhe passava um filme de sua vida na mente, dos momentos de alegria, dos momentos de emoção, dos momentos de aprendizado e sabedoria que seu avô lhe fazia questão de ensinar, transpondo para a próxima geração todo o mapa necessário para se ter uma vida longa e próspera, mas não parou por aí, pois ela também tinha que ir morar para longe dele, com a sua mãe que estava muito longe, em outro país, ela não se queria ir embora e deixar o seu avô naquele estado caótico, pois quem o ajudaria? Quem prepararia a infusão fria do chá que ele tanto gostava com suas duas colheres e meia de açúcar, coisa esta que só ela sabia? Quem lhe abraçaria no frio, e quem lhe abanaria no calor? Quem mais poderia existir para substituir a sua adorável presença ao lado dele? Mas tinha de ir, ela ainda não era auto suficiente, e apesar da tristeza do seu coração, algo que lhe era bem visível nos olhos e nos leve soluços que de vez em quando soltara, não havia outra hipótese, os que a rodeavam, não se conformavam em afasta-los um do outro, pois era como se tirassem as asas a um passarinho, como se tirassem o peixe fora do aquário, mas o destino já estava traçado. Viajem marcada, chegado o dia da partida, a menina não conseguiu despedir do seu avô pessoalmente, e então chorando, ligou-lhe e disse: "Avô, eu parto hoje, liguei para me despedir de ti, não te preocupes que quando eu voltar tu vais estar bom, acredita em mim", e o seu avô respondeu-lhe: "Acredito, mas se me acontecer algo ate lá, não te preocupes, que eu estarei sempre do teu lado". Os tempos se passaram e o inevitável veio a tona, nove meses depois, seu avô acaba por falecer, a mãe, sem saber como, conta para a filha, mas ela nem se quer reage as palavras de sua mãe, como se tivesse entrado em um estado de choque natural, transpondo assim toda negatividade para longe, e inalando toda boa possibilidade de que a notícia era a que ela esperava, de que seu avô, que sempre fora forte, tinha melhorado, e ligou para dizer que não via a hora de estarem juntos fazendo seus passatempos preferidos. Algum tempo depois quando ela voltou para a casa do seu avô, foi imediatamente ao quarto dele, como sempre fazia, e ao abrir a porta com a mais inocente esperança alguma vez vista de que ele ainda estivesse lá para poder abraça-lo, beija-lo e dar-lhe muitos mimos, como ela bem sabia que ele gostava, pois era perita em agrada-lo como ninguém mais o era, mas, logo ao abrir a porta, fez com que sua mente, que outrora havia levado o choque da triste notícia, e uma descarga de positividade, viu seu avó se dissolvendo como fumaça em sua mente, bem na frente dos seus olhos, e, percebendo assim, que o seu avô já não estava lá, e voltando a realidade, viu que ele tinha partido para um lugar, ainda mais longe do que ela tinha partido quando se despediu dele, e que ela nem teve tempo de lhe dar o tão desejado abraço de despedida.
+Lasciva conta tudo 
+Jornal de Notícias 
+Pedro Sciaccaluga 
+Revista Monet 
+Maria João Macieira 
+Ana Cláudia Duarte 
+Leitores Compulsivos 
+Leitores Anônimos 

Sem comentários:

Enviar um comentário